Cidades
Tensão volta à fazenda, onde Guarani-Kaiowás permanecem acampados
Os indígenas ocupam a área em protesto contra a pulverização de agrotóxicos na região
Inara Silva / Campo Grande News
Hoje completa uma semana que os Guarani-Kaiowás da Terra Indígena Guyraroká estão acampados na Fazenda Ipuitã, em Caarapó, a 274 km de Campo Grande. Após conflitos com policiais e seguranças, despejos e retornos à área, a tensão voltou à região na manhã deste domingo.
Segundo publicação da Aty Guasu, a Polícia Militar tentou impedir que algumas pessoas retornassem ao encontro da comunidade que está no local. Houve intimidação e ameaça de uso da força, mas, em vídeo, os indígenas afirmam que há um acordo com a Força Nacional para que os policiais não intervenham.
Sem poder passar pela porteira, as pessoas aparecem em vídeo gritando: 'Jamais deixaremos nosso povo sozinho' e 'A gente não quer a violência, a gente quer a nossa terra'.
Chove na região e, segundo uma liderança presente no acampamento, os policiais destruíram uma barraca de lona que pertencia a uma família de cinco pessoas — um casal, três filhos, incluindo duas crianças de 7 e 5 anos e um recém-nascido. Os desabrigados foram acolhidos pelos demais indígenas.
Força-tarefa - Na quinta-feira (25), o ministro em exercício dos Povos Indígenas, Eloy Terena, se reuniu com o governador Eduardo Riedel, em Campo Grande, para discutir mediação de conflitos fundiários no Estado e ficou definida a criação de uma força-tarefa conjunta para acelerar soluções jurídicas e aprimorar a atuação das forças de segurança junto às comunidades.
Protesto - Os indígenas ocupam a área em protesto contra a pulverização de agrotóxicos, que, segundo eles, tem causado adoecimento e gerado insegurança hídrica e alimentar para a comunidade.
A Fazenda Ipuitã está sobreposta ao território tradicional, que teve 11,4 mil hectares reconhecidos como posse indígena pelo Ministério da Justiça em 2009. Em 2014, a Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) anulou a demarcação, aplicando a tese do marco temporal, sem consultar a comunidade. Hoje, apenas 50 hectares permanecem ocupados pelas famílias na Terra Indígena Guyraroká.